Coluna | “Aprender apenas a ler e escrever tá bom”, diz estudante do Ensino Médio
Um dia desses na sala de aula escutei um estudante do 1º ano do Ensino Médio dizer que “aprender apenas a ler e escrever tá bom”. Para ele, ler e escrever é o suficiente para aprender na escola e que as outras matérias e conteúdos estudados ao longo da educação básica são desnecessários.
Ao ouvir essa frase, senti um misto de surpresa e preocupação. Como educador, sempre me pergunto sobre o papel da escola na formação dos jovens e o motivo de, para muitos, o aprendizado parecer tão desconectado da realidade. O que leva um estudante a pensar que o básico, como ler e escrever, é o suficiente? Será que ele sente que a educação não tem mais a ver com seus objetivos ou que o que é ensinado não o prepara para a vida real?
Essa fala me fez refletir sobre como podemos tornar o aprendizado mais significativo e próximo das experiências deles, mas também sobre a importância dos conteúdos do currículo na formação integral do indivíduo. Aprender a ler e escrever é fundamental, mas é apenas o começo. Os conteúdos escolares desempenham um papel essencial no desenvolvimento pessoal, na construção do senso crítico e na ampliação da visão de mundo. A história nos ajuda a compreender o passado e aprender com ele; a matemática e a ciência estimulam o raciocínio lógico e a curiosidade; e as artes e a filosofia nos ajudam a entender melhor as questões humanas, emocionais e sociais.
Esses saberes não apenas nos preparam para o trabalho, mas para a vida em sociedade e para participar ativamente do avanço do conhecimento e do desenvolvimento da humanidade. É através desse conhecimento acumulado e compartilhado que continuamos a resolver problemas, inovar e encontrar soluções para os desafios do nosso tempo.
Por isso, talvez seja nossa responsabilidade mostrar aos jovens como esses conteúdos, longe de serem apenas uma obrigação escolar, são fundamentais para a construção de um futuro melhor – um futuro em que eles próprios poderão ser agentes de mudança.
Por Renan Santos | professor e colunista do site eCaetité