O consumidor que economizou no uso da energia no ano passado vai ter um pequeno desconto na conta dos próximos meses, de R$ 150. Mas isso será pago depois por todos nós, inclusive os que economizaram. E será um aumento de R$ 1,7 bilhão no custo das distribuidoras. E há outros problemas acabando com qualquer esperança de alívio no bolso. Os custos continuarão subindo. As empresas e distribuidoras afirmam que têm um déficit grande. Segundo elas, mesmo com o aumento da tarifa (escassez hídrica), estão com custos maiores.
A solução ruim encontrada pelo governo para resolver o problema, que já foi aplicada no Brasil em 2014, é dar um empréstimo para as distribuidoras, que depois vai ser pago pelos consumidores na conta de luz. E o TCU ainda discute se este empréstimo deve ser dado em ano eleitoral. Enquanto o empréstimo não sai, que deve ser de R$ 14 bilhões, as distribuidoras estão pedindo para não pagar algumas obrigações às geradoras e pegando emprésticos de curto prazo e custo altíssimo, até a chegada do grande empréstimo que está sendo coordenado pelo BNDES.
A questão é que esse empréstimo paga temporariamente o desequilíbrio nas distribuidoras e assim empurra para 2023 o aumento maior na conta de luz, ou seja, depois das eleições. Seria, segundo a Aneel, de 20% ou mais o aumento desse ano, mas o truque é deixar a maior parte disso para depois das eleições, e o problema é que ao crédito se somará o custo dos juros. E tudo será pago por nós todos.
O ministro Bento Albuquerque disse que não houve crise. Ele quer confundir a população ao dizer isso. Não houve apagão, o que é apenas uma parte do processo. A crise está sendo escamoteada através dessa contratação de termelétrica a qualquer custo ambiental e econômico e tudo será pago em algum momento pelo consumidor.
O governo não controla as chuvas e houve falta de chuvas nos momentos certos. O problema é que se tivesse agido a tempo e escutado os especialistas que apontavam o recuo nos reservatórios, a conta seria menor. A demora em agir, e as decisões tomadas encarecem. A crise então é esse tarifaço em andamento. E o truque é deixar parte da amargura para depois das eleições.
Fonte: O Globo