Caetité

Coletivo Feminista lança nota de solidariedade às mulheres vítimas de violência obstétrica no Município de Caetité-BA

 

Nós, do Coletivo Feminista Marias, vimos a público expressar nossa SOLIDARIEDADE
as tantas mulheres que, após a reportagem do Portal Hora da Fofoca, que denunciou a prática de Violência Obstétrica, seguido de ÓBITO FETAL devido a DISTOCIA DE OMBRO EM TRABALHO DE PARTO na Fundação Hospitalar e Maternidade Senhora Santana de Caetité- BA, vieram as redes sociais, também mulheres empenhadas, relatar suas experiências traumáticas nas dependências do lugar que deveria ser um ambiente de acolhimento, amor e respeito.
Abraçamos aqui, a família ainda enlutada pelo óbito do seu bebê. Reconhecemos à gravidade da violência obstétrica como uma violação dos direitos humanos, impactando não apenas a saúde física, mas também o bem-estar emocional e psicológico das mulheres e bebês afetados, podendo ocorrer durante a gestação, parto e pós-parto, sendo um desrespeito à mulher, à sua autonomia, ao seu corpo e aos seus processos reprodutivos, podendo manifestar-se por meio de violência verbal, física ou sexual e pela adoção de intervenções e procedimentos desnecessários e/ou sem evidências científicas. Afetando negativamente a qualidade de vida das mulheres, ocasionando abalos emocionais, traumas, depressão, dificuldades na vida sexual, entre outros.
Além da denúncia que tanto escancarou o despreparo de “alguns profissionais”, soma- se relatos completos que figuram práticas ultrapassadas, desrespeitosas e muitas vezes desumanas. Existem relatos de enfermeiras estressadas e cansadas, violentando psicologicamente a mulher em trabalho de parto. Abandono de posto de trabalho por médicos responsáveis pelo plantão como uma cultura enraizada dentro da instituição. Orientações controversas entre enfermeira e doula na hora do parto, falta de diálogo e escuta com a parturiente por parte de enfermeiras. Orientações errôneas, com paciente a mais de 14 dias em trabalho de parto, braços arroxeados por quase um mês, relacionado a força extrema e violência no trato da parturiente. Partos que deveriam ser naturais, com dilatação completa, que migraram para uma cesariana, com risco de morte do bebê, tendo que ir mãe e filho as pressas para Guanambi-Ba, entre outras denúncias tão grave quanto, que expõe a violência obstétrica em suas diversas nuances.
Afirmamos categoricamente que todas as mulheres possuem o direito fundamental de receber cuidados obstétricos respeitosos, pautados na dignidade, autonomia e informação transparente, independentemente de serem pacientes privadas (PAGAS) ou assistidas pelo SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.
Evidenciamos o desconforto quanto ao silenciamento de toda sociedade perante os tantos casos já vindos a público. Reiteramos a necessidade de debater no município de Caetité-Bahia a pauta de urgência: VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA!
Ressaltamos a importância de uma atuação diligente por parte dos órgãos públicos competentes, visando a promoção de um ambiente de assistência obstétrica humanizado que respeite e proteja os direitos fundamentais de todas as mulheres caetiteenses e circunvizinhas. Juntas continuaremos lutando por um SISTEMA DE SAÚDE, PÚBLICO, GRATUITO E DE QUALIDADE, em que o SUS seja honrado e humanizado, garantindo dignidade e respeito a cada mulher que der entrada na Fundação Hospitalar e Maternidade Senhora Santana de Caetité- BA com objetivo de sair desta unidade hospitalar, com seu filho (a) nos braços, sem traumas e constrangimentos.

Caetité, 17 de janeiro de 2024.

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